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às 11:39

   O início do século XX trouxe consigo a administração científica e a divisão do trabalho; conceito difundido, em grande parte, por Frederick Taylor e Jules Fayol. Esse conceito, em síntese, define que uma tarefa deve ser executada por operadores preparados para tal fim, ou seja, por especialistas.

   Partindo desse ponto, podemos transpor o conceito para a produção dos países. Existem nações com maior grau de industrialização, como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Coréia do Sul. Por outro lado, existem países cuja economia é pautada pela agricultura, pecuária, turismo ou mercado financeiro. Não existe uma régua universal para medir e comparar a eficiência de um ou outro sistema. Tudo depende da métrica a ser utilizada.

   Na Nova Zelândia existem 837 carros para cada 1.000 habitantes; no Chile, 230. Nenhum desses países possui uma única montadora em seus territórios. O Brasil possui aproximadamente 250 carros para cada 1.000 habitantes; similar ao Chile, menos de um terço da Nova Zelândia. Mas, em contrapartida, possui 17 montadoras.

   É extremamente difícil comparar os países apenas com base nesses números. São tamanhos de população diferente, amplitude geográfica distinta e divisão da economia diferente. E, além do mais, não é o objetivo desse artigo.

   A Nova Zelândia é um país pecuarista, grande criador de gado e ovelha, atuando como expressivo exportador de lã, carnes, leites e derivados. O Chile, por sua vez, é exportador de cobre, frutas e vinho. A ilha de Malta, país ao sul da Itália, tem sua economia pautada sobretudo no turismo, estando preparada para receber anualmente milhares de estudantes e turistas do mundo todo em busca das belezas históricas e naturais.

   Para o Chile, poderia ser um enorme desperdício ignorar as enormes vantagens climáticas que possui para produção de algumas frutas, devido a sua posição geográfica. Também seria loucura deixar as minas de cobre abandonadas. Por isso, os chilenos não desperdiçam energia, tempo e recursos explorando formas diversas de industrialização; focam no que lhes dá mais retorno.

   Para os habitantes de Malta, seria loucura tentar construir dezenas de fábricas em tão limitado espaço, e abandonar suas centenas de igrejas e dezenas de bares às margens do mediterrâneo.

   O Brasil, tradicionalmente, concede milhões de reais anualmente em benefícios tributários a setores específicos de sua economia. O argumento é que, com a concessão desses benefícios, o setor beneficiado fica mais competitivo. A pergunta que fica é: mais competitivo em relação a que e a quem?

   Os benefícios são concedidos normalmente em dois cenários: (i) quando o setor não consegue exportar. Nesse caso o benefício apenas atenua uma deficiência que temos perante outros países mais especializados na produção desses itens e (ii) quando um setor está em fase inicial de implantação e produção. Nesse caso, fica a pergunta: por que direcionar recursos – escassos – para setores em que não se tem certeza da oferta e demanda e nem o know how da produção, em contrapartida a setores já estabelecidos e produtivos?

   Nos dois cenários, existem mais prejudicados do que beneficiados. O contribuinte, de todos os setores, precisa pagar mais impostos para que haja recurso suficiente para subsidiar os benefícios específicos; a lei de livre mercado é ferida, visto que se, por exemplo, alguma isenção é concedida ao produtor de vinho, o produtor de refrigerante ou de cerveja é prejudicado.

   Outra alternativa utilizada por governos é a tarifação de produtos importados, visando a proteção da indústria nacional. Essa ação gera diversos problemas: produtos mais caros ao consumidor; retaliação de outros países, prejudicando nossas exportações e sucateamento da indústria nacional, que, ao não possuir concorrência ativa, fica condenada à obsolescência.

   Por fim, ao forçar a industrialização ou o crescimento de determinado setor, sem que haja uma real oferta e demanda, o governo pune a economia de diversas formas: cadeias de suprimentos formatadas para atender determinado segmento sofrem rupturas e são obrigadas a direcionar matéria-prima e energia para outros fins; mão de obra especializada é destinada para outras divisões de trabalho; recursos naturais pouco abundantes precisam ser extraídos ou produzidos; mercados consumidores precisam ser desenvolvidos.

   Muitos indícios mostram, nas empresas privadas, na economia e nas decisões pessoais, que o direcionamento de energia e recursos para atividades nas quais temos melhor desempenho apresentam resultados mais robustos.

 

Autor: Thiago Macangnin

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