“Minha empresa está operando com lucro, afinal, possuo sempre dinheiro em caixa”.

   Possuir saldo em caixa, de forma geral, é um bom sintoma que sinaliza condição financeira saudável. Porém, o resultado da operação – lucro ou prejuízo – não está relacionado ao montante disponível nas contas bancárias da empresa. Essa confusão é bastante comum entre os pequenos empresários e esse desconhecimento pode gerar erros graves na gestão financeira da empresa.

   Para entendimento e esclarecimento do assunto, se faz necessária a conceituação das nomenclaturas:

    Fluxo de caixa: é a movimentação financeira da empresa, contemplando entradas e saídas de dinheiro (físico ou não). Todas as saídas e entradas devem ser registradas e previstas diariamente, com o objetivo de garantir que a empresa sempre tenha saldo disponível para pagamento de suas obrigações. O recurso que garante a liquidez da sua operação é o que chamamos de capital de giro e ele usualmente é a soma do dinheiro disponível na empresa, recursos disponíveis em estoque e valores a receber de clientes.

   Desdobrando o fluxo de caixa: os recebimentos serão formados pelas vendas à vista e a prazo (contas a receber). Os pagamentos serão formados pelas compras, também à vista e a prazo (contas a pagar). Os gastos e receitas previstos devem ser inclusos no fluxo de caixa, pelo prazo mais longo que for possível estimar.

   As ferramentas e instrumentos para construção e operação do fluxo de caixa podem variar conforme o porte da empresa e o volume da movimentação financeira. Pode iniciar com papel e caneta, passar por planilhas eletrônicas e ir até softwares específicos ou ERPs.

   Para discorrer sobre lucro, é preciso antes dissertar sobre resultado. O resultado de uma empresa pode ser de lucro ou prejuízo. Das receitas da empresa em um período, descontam-se os custos e despesas. Caso o saldo seja positivo, a empresa operou com lucro. Se foi negativo, operou com prejuízo. Portanto, o lucro não está relacionado ao volume de recursos disponíveis nas contas bancárias.

   Existe o lucro operacional, que considera as receitas descontadas dos custos e despesas operacionais, e existe o lucro líquido, que, a partir do lucro operacional, desconta-se receitas e despesas não relacionadas com a operação da empresa, gerando o resultado líquido.

   Com isso, conclui-se que uma empresa pode possuir dinheiro em caixa, mas operar com prejuízo. E, de outro modo, pode operar com lucro, mas possuir caixa negativo e necessitar de empréstimos de terceiros – aporte de sócios ou bancos.

   Um exemplo prático é uma empresa que fez elevados investimentos, pulverizando seu caixa em ativos que serão depreciados ao longo de anos. Nesse caso, mesmo que tenha um bom resultado, não possuirá caixa para quitar seus compromissos. Por outro lado, uma empresa pode possuir um saldo de caixa volumoso devido aporte dos sócios ou excelentes resultados de períodos anteriores, mas apresentar prejuízo nos períodos mais recentes.

   Para tomar decisões de qualidade, o gestor financeiro da empresa deve estar munido de ambas as informações – fluxo de caixa com grande horizonte planejado e resultado apurado corretamente.

Autor: Morgana Jordani Aimi